Por que mangás estão superando os quadrinhos americanos?

capa shikomori lendo manga

Para os fãs de quadrinhos e graphic novels americanas, o mercado viu o surgimento de duas grandes facções: os quadrinhos ocidentais, especialmente os publicados pelas gigantes DC Comics e Marvel Comics, e o vasto mundo dos mangás japoneses. Embora o mangá possa ser considerado a versão japonesa dos quadrinhos, também é uma forma de arte única que tem sido valorizada em pé de igualdade por décadas. No entanto, nos últimos anos, os mangás claramente superaram os quadrinhos, tanto em vendas quanto em relevância cultural.

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Mesmo no Ocidente, onde os quadrinhos têm sido uma parte fundamental da cultura pop por décadas, os mangás superaram consistentemente os quadrinhos americanos. Apesar da ascensão das figuras de ação e do Universo Cinematográfico Marvel (MCU), os quadrinhos não conseguiram competir em vários aspectos fundamentais, da percepção comum ao preço. Cada consumidor tem suas preferências, e não há uma resposta única sobre como o mangá venceu a batalha contra os quadrinhos, mas é inegável que o mangá fez certas coisas melhor.

As séries de ação Shonen são o pilar do sucesso do mangá, embora haja espaço para outros gêneros, como drama em “Oshi no Ko” e fantasia tradicional em “Frieren: Beyond Journey’s End”. O mangá teve um sucesso notável no Ocidente nos últimos anos, com títulos como “Demon Slayer: Kimetsu no Yaiba”, “Jujutsu Kaisen” e “My Hero Academia” aparecendo regularmente em listas de mais vendidos. De acordo com a Publishers Weekly, as vendas de mangás representaram quase 45% de todos os quadrinhos vendidos em 2022, superando até mesmo os quadrinhos infantis.

A popularidade do anime tem sido um fator-chave na ascensão dos mangás. Em 2021, as vendas de quadrinhos atingiram um recorde de US$ 2,075 bilhões, com os mangás respondendo por US$ 1,47 bilhão desse valor. Comparativamente, os números de vendas de quadrinhos individuais foram significativamente menores. Isso mostra que o mangá se tornou uma opção mais popular e acessível.

Em termos práticos, o mangá ganhou em grande parte devido ao seu custo-benefício e disponibilidade. Os volumes de mangá normalmente têm entre 160 e 180 páginas e custam cerca de US $ 10, um excelente valor para qualquer consumidor, especialmente quando comparado a quadrinhos individuais que têm menos páginas e preços semelhantes. Além disso, os mangás estão disponíveis nas livrarias convencionais, o que lhes dá muito maior visibilidade e uma imagem menos “geek”.

Outro fator importante é a barreira de entrada. O mangá apresenta histórias mais lineares e menos complexas em comparação com os intrincados universos dos quadrinhos, o que pode ser avassalador para novos leitores. As tramas do mangá são fáceis de acompanhar, facilitando a imersão de novos leitores nesse mundo sem precisar se preocupar com décadas de continuidade e reboots.

O conteúdo mais diversificado do mangá também desempenha um papel crucial. Embora os quadrinhos tenham tentado diversificar seus gêneros e públicos, os mangás oferecem uma variedade muito maior de histórias que atraem um público mais diverso. De ação e aventura a romance e comédia, o mangá tem algo para todos, ampliando seu apelo e número de leitores.

Em conclusão, o mangá conseguiu superar os quadrinhos ocidentais não apenas por sua acessibilidade e preço, mas também por sua diversidade de conteúdo e disponibilidade em lugares mais acessíveis. Esse fenômeno permitiu que o mangá se tornasse o gigante da indústria que é hoje, ganhando espaço em um mercado que era tradicionalmente dominado pelos quadrinhos.

Fonte: ComicBook Resources

Apaixonado por essa coisa única que é a cultura japonesa, acabei viciado em escrever. Adoro animes, mangás e curto ler e jogar praticamente tudo.